POÉTICA DAS SOMBRAS
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Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Prometo ler todas as poesias que perdi nesse meio-tempo desligado da internet, e depois escrever e postar um meu.
Abraços
LNN
Abraços
LNN
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Soneto das sombras
As figuras mais horrendas,
monstros cruéis e sombrios,
são verdades; não só lendas!
Não podem cair no vazio.
Eles se espreitam por fendas
em sítios ermos e frios
nos provocando a contendas
em torpes e vis desafios.
Quem são esses seres malditos?
Tu acaso não os descobriste?
Pra invocá-los não há nenhum rito.
A verdade cruel e tão triste
é que o mal imenso e infinito
lá dentro de ti é que existe.
As figuras mais horrendas,
monstros cruéis e sombrios,
são verdades; não só lendas!
Não podem cair no vazio.
Eles se espreitam por fendas
em sítios ermos e frios
nos provocando a contendas
em torpes e vis desafios.
Quem são esses seres malditos?
Tu acaso não os descobriste?
Pra invocá-los não há nenhum rito.
A verdade cruel e tão triste
é que o mal imenso e infinito
lá dentro de ti é que existe.
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Muito bacana esse poema, Obed.
Bem construído, por sinal. E de um bom gosto extremo.
LNN
Bem construído, por sinal. E de um bom gosto extremo.
LNN
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
A noiva da dor
Vagava moribunda
Passos trôpegos
Entre velhas tumbas
A noiva da dor
Tendo por vestes farrapos
Olhos aziagos e tristes traços
A noiva da dor
Pés descalços
Rubros de lama e asco
Sangue negro
De trêmulo carpir
Em cortejo obscuro
Lamentos e murmúrios
Penadas almas
Temendo o porvir
Sentia rançosos remorsos
Amarguras e agruras
Em crucis via
A noiva da dor
Ah, pesadelo insano
Foi num lago profano
Em noite maldita
Eu bem vi a face
Da criatura sombria
Desde então vago insana
Persegue-me o terror
A face carcomida
Da noiva da dor
Na imundície se refletia
O rosto q’eu via?
Era o meu
E a noiva da dor
Sou apenas eu
Vagava moribunda
Passos trôpegos
Entre velhas tumbas
A noiva da dor
Tendo por vestes farrapos
Olhos aziagos e tristes traços
A noiva da dor
Pés descalços
Rubros de lama e asco
Sangue negro
De trêmulo carpir
Em cortejo obscuro
Lamentos e murmúrios
Penadas almas
Temendo o porvir
Sentia rançosos remorsos
Amarguras e agruras
Em crucis via
A noiva da dor
Ah, pesadelo insano
Foi num lago profano
Em noite maldita
Eu bem vi a face
Da criatura sombria
Desde então vago insana
Persegue-me o terror
A face carcomida
Da noiva da dor
Na imundície se refletia
O rosto q’eu via?
Era o meu
E a noiva da dor
Sou apenas eu
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Insanidade
Maldita emoção atroz!
Desgraçados sentimentos
que explodem em cefaléias
que pulsam em anginas
que desconcertam a digestão
que comprometem o equilíbrio.
Que castigo cruel!
Infames vozes que me acusam
que me humilham
que me torturam com verdades
que escarnecem da dor que me causam.
Estes malditos dons de pensar
de lembrar
de ansiar
de crer
de imaginar que algo valha a pena.
Angústia!
Angústia!
Angústia!
Miserável,
sou infecção neste mundo.
Maldita emoção atroz!
Desgraçados sentimentos
que explodem em cefaléias
que pulsam em anginas
que desconcertam a digestão
que comprometem o equilíbrio.
Que castigo cruel!
Infames vozes que me acusam
que me humilham
que me torturam com verdades
que escarnecem da dor que me causam.
Estes malditos dons de pensar
de lembrar
de ansiar
de crer
de imaginar que algo valha a pena.
Angústia!
Angústia!
Angústia!
Miserável,
sou infecção neste mundo.
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
A tristeza de ter alegria
Eis que assalta meu peito uma estranha tristeza.
Não é fácil ditá-la, muito menos contá-la.
Creio que estou desesperançado. Desanimado. Acabado.
Eu olho ao meu redor e vejo todos alegres, contentes pela vida que levam
E sinto que não me é permitido ser como eles são.
Alegre. Contente. Feliz.
É como se fosse removido cirurgicamente do meu peito, todo o meu viver.
Até o ar que respiro parece faltar!
Ai de mim, que a solidão tomou posse, perdido n'um mundo aterrador, que vejo tudo n'um preto e branco doentio.
Por qual maldito motivo, Morte, vossa mercê não dá seu ar da graça?
A mim, tudo seria mais fácil. De acreditar. De ter fé. De amar.
Falta-me a capacidade de sorrir. Falta-me algo no coração que todos esses ao meu redor possuem:
Alegria.
Eis que assalta meu peito uma estranha tristeza.
Não é fácil ditá-la, muito menos contá-la.
Creio que estou desesperançado. Desanimado. Acabado.
Eu olho ao meu redor e vejo todos alegres, contentes pela vida que levam
E sinto que não me é permitido ser como eles são.
Alegre. Contente. Feliz.
É como se fosse removido cirurgicamente do meu peito, todo o meu viver.
Até o ar que respiro parece faltar!
Ai de mim, que a solidão tomou posse, perdido n'um mundo aterrador, que vejo tudo n'um preto e branco doentio.
Por qual maldito motivo, Morte, vossa mercê não dá seu ar da graça?
A mim, tudo seria mais fácil. De acreditar. De ter fé. De amar.
Falta-me a capacidade de sorrir. Falta-me algo no coração que todos esses ao meu redor possuem:
Alegria.
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Amigos, muitos não sabem mas um dia publiquei no Recanto das letras, os meus VERSOS DECRÉPITOS. Depois publiquei os VERSOS DECRÉPITOS II. São pequenos "poemas" (que heresia!) de humor negro que falam de morte, pus, vermes, fantasmas e outras coisas escatológicas com bom humor e ironia. Agora estou elaborando os Versos Descrepitos III. Deixo aqui uma amostra, rrssrrssr:
V - A BODEGA DO ROMÁRIO
O pastel que mo matou
Tava pobre que fedia.
Nem o coveiro aguentou
o futum que de mim saía.
Na bodega do Romário encontrei a minha sorte.
Um petisco bem estranho me presenteou com a morte.
Foi dificil enterrar
meu cadáver fedegoso.
Era o coveiro com a pá,
cavando sem respirar,
meu buraco mal cheiroso.
Grande alívio se espalhou
depois que mo sepultaram
tia, sogra, esposa e filha
e o coveiro, exultaram!
Que presunto fedorento
era só o comentário
E foram todos lanchar,
comendo sem hesitar,
na bodega do Romário.
O pastel que mo matou
Tava pobre que fedia.
Nem o coveiro aguentou
o futum que de mim saía.
Na bodega do Romário encontrei a minha sorte.
Um petisco bem estranho me presenteou com a morte.
Foi dificil enterrar
meu cadáver fedegoso.
Era o coveiro com a pá,
cavando sem respirar,
meu buraco mal cheiroso.
Grande alívio se espalhou
depois que mo sepultaram
tia, sogra, esposa e filha
e o coveiro, exultaram!
Que presunto fedorento
era só o comentário
E foram todos lanchar,
comendo sem hesitar,
na bodega do Romário.
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Vejam se cabe isto, por aqui. Se não, eu excluo. Ok?
Autópsia de uma paixão
Ah! O amor não tem corpo?
Talvez lhe falte, sim, cabeça.
Porém há chibatadas no tronco
e muita dança de membros.
Induz a que se fique sem pernas
porque embala esperança nos braços.
Mas trucida até a morte a inocência
e deixa o sonho com sangue nas mãos.
Como suportar tal peso nos ombros?
É inútil tentar manter os pés no chão
quando se nota a corda no pescoço.
A provocação incessante de olhos vermelhos
não se resolve com mero jogo de cintura.
Afinal, juras de amor feitas nas coxas
se transmutam em inevitável pé na bunda.
Já retalhei e esgarcei meu peito,
retirei as vísceras da alma
e, em vão, busquei meu coração.
Ele foi extirpado enquanto ainda palpitava.
Vasculhei tudo e só há suspiros;
alguns de saudade e muitos de angústia.
Arrependimentos brotam à flor da pele.
Definida está a “causa mortis”:
egoísmo crônico,
falsidade aguda
e indiferença generalizada.
Hora da morte: para sempre!
Autópsia de uma paixão
Ah! O amor não tem corpo?
Talvez lhe falte, sim, cabeça.
Porém há chibatadas no tronco
e muita dança de membros.
Induz a que se fique sem pernas
porque embala esperança nos braços.
Mas trucida até a morte a inocência
e deixa o sonho com sangue nas mãos.
Como suportar tal peso nos ombros?
É inútil tentar manter os pés no chão
quando se nota a corda no pescoço.
A provocação incessante de olhos vermelhos
não se resolve com mero jogo de cintura.
Afinal, juras de amor feitas nas coxas
se transmutam em inevitável pé na bunda.
Já retalhei e esgarcei meu peito,
retirei as vísceras da alma
e, em vão, busquei meu coração.
Ele foi extirpado enquanto ainda palpitava.
Vasculhei tudo e só há suspiros;
alguns de saudade e muitos de angústia.
Arrependimentos brotam à flor da pele.
Definida está a “causa mortis”:
egoísmo crônico,
falsidade aguda
e indiferença generalizada.
Hora da morte: para sempre!
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Palavratrix
Os fantasmas para quem tem medo...
As
Sombra(s)
Ção
Fiore
XXXXXXXXXXXXXXXX
Poetrix
Morte
Foi-se a alma...
O corpo, inerte.
Pás na terra.
Fiore
Os fantasmas para quem tem medo...
As
Sombra(s)
Ção
Fiore
XXXXXXXXXXXXXXXX
Poetrix
Morte
Foi-se a alma...
O corpo, inerte.
Pás na terra.
Fiore
Fiore- Mensagens : 179
Data de inscrição : 27/12/2008
Idade : 63
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
MINHA TIA
Numa noite escura e fria
Faleceu a minha tia.
Chorei que não mais podia...
De alegria, de alegria!
Numa noite escura e fria
Faleceu a minha tia.
Chorei que não mais podia...
De alegria, de alegria!
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Henry Evaristo escreveu:MINHA TIA
Numa noite escura e fria
Faleceu a minha tia.
Chorei que não mais podia...
De alegria, de alegria!
A tia de Evaristo
Naquela noite sem luar tudo era breu
e assim sombria veio a morte sem espera.
A pobre tia de Evaristo então morreu!
Mas na verdade não sei bem quem ela era.
Só sei dizer é que Evaristo não sofreu;
muito ao contrário, gargalhou qual besta fera.
Da própria tia sabe ele mais que eu
que não cogito qual o mal que ela fizera.
De qualquer modo meu amigo é gente boa
e, se sabia de algum mal por mim não visto,
bem ele fez ao rir da morte assim à toa.
Nem sempre a morte é um evento tão sinistro.
A gargalhada que ele deu ainda ecoa.
E ela morreu – a pobre tia de Evaristo.
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Obed de Faria Junior escreveu:Henry Evaristo escreveu:MINHA TIA
Numa noite escura e fria
Faleceu a minha tia.
Chorei que não mais podia...
De alegria, de alegria!
A tia de Evaristo
Naquela noite sem luar tudo era breu
e assim sombria veio a morte sem espera.
A pobre tia de Evaristo então morreu!
Mas na verdade não sei bem quem ela era.
Só sei dizer é que Evaristo não sofreu;
muito ao contrário, gargalhou qual besta fera.
Da própria tia sabe ele mais que eu
que não cogito qual o mal que ela fizera.
De qualquer modo meu amigo é gente boa
e, se sabia de algum mal por mim não visto,
bem ele fez ao rir da morte assim à toa.
Nem sempre a morte é um evento tão sinistro.
A gargalhada que ele deu ainda ecoa.
E ela morreu – a pobre tia de Evaristo.
hauhauhuha! Muito bom, muito bom!
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Unheimliche* - Por Tânia Souza
Ó verme humano, eis a hora
Abrem-se profundas crateras
Labaredas irrompem severas
Abismo de pesadelo sombrio
E dos covis saem as feras
Almas perdidas, destino vazio
Inumano bafo enegrece o dia
Ainda assim a chama arde
Rubros lamentos de agonia
Ao lodo se arrastam
Por todo lado desolação
Olhares marcados afloram
Angústia, severa destruição
Vão passos sem alento
Espectros vivos são
Por desertos de solidão
Mórbidos prodígios avisam
Sorve o solo a chuva rubra
Renascem pútridos irmãos
Colhe-se a podridão inerme
Nos frutos sorri o verme
Nuvens febris colorem o dia
De breu e frio a alma treme
Ah, que seara sombria
A carne do irmão
Será pasto e banquete
Fere-se de chagas a epiderme
Serpentes suspiram mórbida verve
Passos se arrastam
Em medonha orquestra
Não-vivos despertam
E no cenário tétrico a morte espia
Aves nefastas revoam
Ossos recém descarnados
Singram a estrada vazia
Não há espaço para a dor
O humano demente
Turba em devassa podridão
Entreolha-se indiferente
Agonia sibila em ais
Da estrada que não termina
Nossos passos sairão jamais
* O que deve permanecer secreto, escondido, no entanto, reaflora. (Schelling)
Ó verme humano, eis a hora
Abrem-se profundas crateras
Labaredas irrompem severas
Abismo de pesadelo sombrio
E dos covis saem as feras
Almas perdidas, destino vazio
Inumano bafo enegrece o dia
Ainda assim a chama arde
Rubros lamentos de agonia
Ao lodo se arrastam
Por todo lado desolação
Olhares marcados afloram
Angústia, severa destruição
Vão passos sem alento
Espectros vivos são
Por desertos de solidão
Mórbidos prodígios avisam
Sorve o solo a chuva rubra
Renascem pútridos irmãos
Colhe-se a podridão inerme
Nos frutos sorri o verme
Nuvens febris colorem o dia
De breu e frio a alma treme
Ah, que seara sombria
A carne do irmão
Será pasto e banquete
Fere-se de chagas a epiderme
Serpentes suspiram mórbida verve
Passos se arrastam
Em medonha orquestra
Não-vivos despertam
E no cenário tétrico a morte espia
Aves nefastas revoam
Ossos recém descarnados
Singram a estrada vazia
Não há espaço para a dor
O humano demente
Turba em devassa podridão
Entreolha-se indiferente
Agonia sibila em ais
Da estrada que não termina
Nossos passos sairão jamais
* O que deve permanecer secreto, escondido, no entanto, reaflora. (Schelling)
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Vagando pela internet, entrando em alguns sites onde nunca tinha entrado, mas que agora são a unica opção já que meu acesso à maioria dos sites está restrito por conta sabe Alá de quê, encontrei uma coisa interessante. um apanhado da produção lírica da ASSOLET feito pela escritora Paraense Betha M Costa, que foi, junto com alguns de nós aqui, participante também deste grupo.
Vejam:
Tertúlia Sombriática
ASOLET
VAZIO
Arcano Soturno
Usando um manto sem cor
Cubro o meu corpo vazio
Sem coração nem amor,
Apenas um corpo frio.
O capuz oculta os olhos.
Sou neutro para adorar,
Cego para as aparências,
Sou tédio para admirar.
Abrindo o manto em meu corpo
Mostro a todos quem sou eu:
Veja o esqueleto de um morto
Neste corpo que morreu.
No lugar do coração
Tenho trevas nos espaços.
O ardor de minha emoção
A dor rasgou em pedaços.
NAS SOMBRAS DA NOITE
Victória Magna
Divagando no bosque sombrio
entre corujas e morcegos, um frio
se apossou de mim, nesse instante
quando passei sob o nevoeiro dominante
ouvi, ao meu lado, um urro horripilante
onde pude ver todo assombrado
um lobo de olhos faiscantes
que me observava esfomeado
para saltar sobre mim, já preparado
para o bote final, que me paralisava
e meu corpo todo tremia, sem ação
fiquei à mercê do monstro, uma aflição!
Quando surgiu das trevas, um caçador
Eu disse: agora é a minha salvação!
Ficarei livre prá sempre desta maldição!
Mas o caçador, não teve a mesma sorte
A bala que atirou, não feriu de morte
o monstro que avançou e o estraçalhou
na minha frente, meu coração baqueou
senti uma tonteira e caí no chão
quando acordei, vi claramente
que foi um pesadelo somente
mas ao lado da cama encontrei
uma bala ensangüentada, achei
que era do caçador, meu Deus
quem seria ele, pensei com horror!
Ele foi o meu anjo salvador!
VERSOS DECRÉPTOS
Henri Evaristo
URUBU MALDOSO
Urubu pousa na tumba
Tumba escura
Tumba rasa.
Come o morto decomposto
Mela o bico
Mela a asa.
~~//~~
AVES EM FESTA
Vejo o sol no céu
Do brejo onde me largaram
E ouço o tremendo escarcéu
Das aves que mo encontraram.
Sinto seus bicos afiados
Arrancando meu olho doente,
Engolindo alucinados,
Furando mais profundamente.
O MORRO DO ESPECTRO
Lá encima daquele morro
Existe uma cova largada.
Quando por lá passei,
Pelas três da madrugada,
Avistei, magra e fria,
Uma feia alma penada.
Perguntei-lhe: “O que fazes neste ermo a vagar?”
E ela disse com certeza,
se expressando com firmeza:
“Estou aqui a te esperar!”
Comovido e exaltado
caminhei então ao seu lado
E hoje ainda, eu e ela,
Habitamos condenados
Aquela morada esquecida
Naqueles rincões assombrados.
A ESCURIDÃO SOB A ESCADA
Luciano Barreto
Só há um local que eu nunca fui nesta casa.
Lá, existe uma escuridão horrenda.
É debaixo da escada de madeira da sala.
Tenho certeza que existe algo lá, não é lenda.
Meu primo disse que era bobeira.
Ele entrou na escuridão.
E nunca mais vi o sabichão.
Eu vi sim, de longe, os pés acrípedes da coisa sorrateira.
Falaram que era loucura minha tese sobre a escada,
Mas ninguém foi olhar de perto.
Ninguém entrou na escuridão para constatar.
Hoje, ouvi um sussurro que veio de dentro da escuridão.
Silabou meu nome.
Lembro o tom de voz; Não era meu primo, para minha aversão.
SONETO DAS SOMBRAS
Obed de Farias Jr
As figuras mais horrendas,
monstros cruéis e sombrios,
são verdades; não só lendas!
Não podem cair no vazio.
Eles se espreitam por fendas
em sítios ermos e frios
nos provocando a contendas
em torpes e vis desafios.
Quem são esses seres malditos?
Tu acaso não os descobriste?
Pra invocá-los não há nenhum rito.
A verdade crel e tão triste
é que o mal imenso e infinito
só dentro de ti é que existe.
TIC-TAC, A MORTE
Renato Bordin
Tic-Tac, a morte,
O tempo passa,
Ela lhe aguarda,
Sem frio,
Sem fome;
Tic-tac, a morte,
Menina Apaixonada,
Na esquina parada,
Um encontro marcado,
Cabelos soltos,
Sorriso maroto,
Vestido largado,
Moça de pele clara,
Vestes escuras,
Olhos negros,
De prazer e ternura,
Anjo do bem e do mal,
Sanidade e loucura,
Ela é a resposta,
O caminho de volta,
A verdade mais dura
Tic-Tac a morte,
Os ponteiros não param,
Ela ainda está a esperar,
Não importa o quão longe esteja,
Sabe que irás voltar,
Tic-Tac a morte,
Até os mais fortes,
Um dia irão tombar,
Tic-Tac a morte,
Moça do beijo gelado,
Sabor de Adeus,
No dia marcado serei todo seu,
E pela eternidade iremos amar,
Tic-Tac a morte.
Amada Imortal
Leite negro da aurora
Bebemos-te à tarde
Bebemos-te cedo e no dia
Bebemos-te à noite
Cavamos um túmulo no ar
Onde não se há de estar apertado
Mora um homem na casa
Que lida com magias e escreve
À Irlanda... Teu negro cabelo Brida
Presencia a cena dos confins dos tempos
Ele escreve e se afasta da casa
Cintilam estrelas pelo céu
No silêncio da noite escura
Assovia chamando os mastins:
-Cavem fundo uma cova na terra!
Agora nos manda tocar os violinos para dançar
Teu cabelo de cinza prateado
Brilha sobre sua tez pálida
Cavamos um túmulo no ar
Onde não se há de estar apertado
Grita: - Cavem mais fundo essa terra!
Pega o ferro do cinto balança-o
Grita: - Toquem e dancem!
A morte mais doce é a morte!
Grita: - Toquem nas sombras, os violinos, depois subam como fumaça!
...E hão de ter uma cova nas nuvens que lá não se fica apertado
A morte é um mestre senhor da Irlanda, seu olho é azul
Ele acerta-te a bala de chumbo, "te acerta na mosca"
Mora um homem na casa...Teu negro cabelo Brida
Presencia a cena dos confins dos tempos
Ele atiça os mastins contra nós
E nos dá uma cova nos ares
Ele lida com magias e sonha
Dá-nos pra beber
O leite negro da aurora
É o senhor da morte!!
PESADELOS
Betha M. Costa
Nos salões atros e deprimentes,
Espectros por todos os lados,
Bailam cérebros desatinados,
A valsa triste dos descontentes.
Ó, sarau das sombras imundas!
Porções negativas dos seres,
Feras enraizadas e fecundas,
Lutas de quereres e haveres...
MORCEGO
Nina
Suas asas ungem como sombras
Nas noites, escurecendo o luar...
Quem saberia dizer-me o que procuras:
- Seriam beijos que fazem sangrar?
VERSO SOMBRIÁTICO
Victória Magma
Que estranha lida do dia
Repercute na avenida
Por causa de uma quantia
Mataram o pobre vigia
Segundo as testemunhas
Os adversos eram tais
Com garras presas nas unhas
Que deram os golpes mortais!
Lembrando ainda o Frankenstein
No horror da noite e do dia
E se chegasse alguém
Para acabar com tal vileza
Davam tiros e facadas
Com toda maior rudeza!
Uivos deram de arrepiar
Na sombriática Rua do Sangue
Onde jaz mortífero altar
Aos seus pés, a vítima exangue
Aos irmãos da Irmandade
Deixo aqui meus cordiais
Abraços de garras lodosas
E lembranças bem mortais
MEGATÉRIO DIGITAL
Rogério Silvério de Farias
Animal digital
Mastodôntico canibal
De hiperlinks
E links!
Furbesto navegador merencóreo
Dos sonhos e das sombras
Cantas nas sombriáticas sulfurações
Soturnas siderações
Sorumbáticas
Cismáticas
Fantasmáticas!
E nas criptas soniais
Das volúpias velicativas
Vertiginosas
Vergonhosas
Vaporosas
Tu vagas
Tal qual nômade veloz
do lado de lá da platibanda do mundo!
Nascem teus poemas
De oníricas perfurações perfunctórias
No cérebro mórbido
Dançando em visões
Grotescas
Dantescas
Sardanapalescas
Piréticas
Morféticas
Enxofréticas
Catacúmbicas
E brotam, augustas,
Filosofices de filosofastro
Epitáfios e epifanias
no epicentro de teu centro,
Oh, voai comigo nestes versos!
Lápides lépidas
Langores lúbricos
Lascivas lesmas
Langores lancinantes
Horrores nunca vistos antes!
Melodias várias
Máscaras mortuárias
Fanfarronatas
Sonatas
Espectrais
Sepulcrais
Vermes
Epidermes
Intocáveis
Sem amor
Inomináveis
Solidões nos jardins
Assombrados
Na mente, em seus confins!
No cemitério maldito dos dias
Das máquinas humanas
Na coletiva hipnose
Tu profanas
Na simbiose
Paquidérmica
Ululante
Abracadabrante
De anjo e demônio
De loucos
e cadáveres putrescentes
Morres em teu Inferno sem favônio
Sonhai com luares
Incandescentes
Mares
Altares dos
Versos dementes
Das tuas estrofes catastróficas!
Mental locomotiva letal
De bizarrias
E virtuais fantasias
Estro
Canhestro
Lar doce lar
Tumular!
Tão pertos e tão longes
Teus virtuais
Amigos periecos e antecos
Também gritam os seus ais
Nas horas de tédio e seus funerais!
Rogério Silvério de Farias
Textos:
Escritores da ASOLET
(Academia Sombriática de Letras)
.
Formatação:
Betha M. Costa.
Maio de 2007
Vejam:
Tertúlia Sombriática
ASOLET
VAZIO
Arcano Soturno
Usando um manto sem cor
Cubro o meu corpo vazio
Sem coração nem amor,
Apenas um corpo frio.
O capuz oculta os olhos.
Sou neutro para adorar,
Cego para as aparências,
Sou tédio para admirar.
Abrindo o manto em meu corpo
Mostro a todos quem sou eu:
Veja o esqueleto de um morto
Neste corpo que morreu.
No lugar do coração
Tenho trevas nos espaços.
O ardor de minha emoção
A dor rasgou em pedaços.
NAS SOMBRAS DA NOITE
Victória Magna
Divagando no bosque sombrio
entre corujas e morcegos, um frio
se apossou de mim, nesse instante
quando passei sob o nevoeiro dominante
ouvi, ao meu lado, um urro horripilante
onde pude ver todo assombrado
um lobo de olhos faiscantes
que me observava esfomeado
para saltar sobre mim, já preparado
para o bote final, que me paralisava
e meu corpo todo tremia, sem ação
fiquei à mercê do monstro, uma aflição!
Quando surgiu das trevas, um caçador
Eu disse: agora é a minha salvação!
Ficarei livre prá sempre desta maldição!
Mas o caçador, não teve a mesma sorte
A bala que atirou, não feriu de morte
o monstro que avançou e o estraçalhou
na minha frente, meu coração baqueou
senti uma tonteira e caí no chão
quando acordei, vi claramente
que foi um pesadelo somente
mas ao lado da cama encontrei
uma bala ensangüentada, achei
que era do caçador, meu Deus
quem seria ele, pensei com horror!
Ele foi o meu anjo salvador!
VERSOS DECRÉPTOS
Henri Evaristo
URUBU MALDOSO
Urubu pousa na tumba
Tumba escura
Tumba rasa.
Come o morto decomposto
Mela o bico
Mela a asa.
~~//~~
AVES EM FESTA
Vejo o sol no céu
Do brejo onde me largaram
E ouço o tremendo escarcéu
Das aves que mo encontraram.
Sinto seus bicos afiados
Arrancando meu olho doente,
Engolindo alucinados,
Furando mais profundamente.
O MORRO DO ESPECTRO
Lá encima daquele morro
Existe uma cova largada.
Quando por lá passei,
Pelas três da madrugada,
Avistei, magra e fria,
Uma feia alma penada.
Perguntei-lhe: “O que fazes neste ermo a vagar?”
E ela disse com certeza,
se expressando com firmeza:
“Estou aqui a te esperar!”
Comovido e exaltado
caminhei então ao seu lado
E hoje ainda, eu e ela,
Habitamos condenados
Aquela morada esquecida
Naqueles rincões assombrados.
A ESCURIDÃO SOB A ESCADA
Luciano Barreto
Só há um local que eu nunca fui nesta casa.
Lá, existe uma escuridão horrenda.
É debaixo da escada de madeira da sala.
Tenho certeza que existe algo lá, não é lenda.
Meu primo disse que era bobeira.
Ele entrou na escuridão.
E nunca mais vi o sabichão.
Eu vi sim, de longe, os pés acrípedes da coisa sorrateira.
Falaram que era loucura minha tese sobre a escada,
Mas ninguém foi olhar de perto.
Ninguém entrou na escuridão para constatar.
Hoje, ouvi um sussurro que veio de dentro da escuridão.
Silabou meu nome.
Lembro o tom de voz; Não era meu primo, para minha aversão.
SONETO DAS SOMBRAS
Obed de Farias Jr
As figuras mais horrendas,
monstros cruéis e sombrios,
são verdades; não só lendas!
Não podem cair no vazio.
Eles se espreitam por fendas
em sítios ermos e frios
nos provocando a contendas
em torpes e vis desafios.
Quem são esses seres malditos?
Tu acaso não os descobriste?
Pra invocá-los não há nenhum rito.
A verdade crel e tão triste
é que o mal imenso e infinito
só dentro de ti é que existe.
TIC-TAC, A MORTE
Renato Bordin
Tic-Tac, a morte,
O tempo passa,
Ela lhe aguarda,
Sem frio,
Sem fome;
Tic-tac, a morte,
Menina Apaixonada,
Na esquina parada,
Um encontro marcado,
Cabelos soltos,
Sorriso maroto,
Vestido largado,
Moça de pele clara,
Vestes escuras,
Olhos negros,
De prazer e ternura,
Anjo do bem e do mal,
Sanidade e loucura,
Ela é a resposta,
O caminho de volta,
A verdade mais dura
Tic-Tac a morte,
Os ponteiros não param,
Ela ainda está a esperar,
Não importa o quão longe esteja,
Sabe que irás voltar,
Tic-Tac a morte,
Até os mais fortes,
Um dia irão tombar,
Tic-Tac a morte,
Moça do beijo gelado,
Sabor de Adeus,
No dia marcado serei todo seu,
E pela eternidade iremos amar,
Tic-Tac a morte.
Amada Imortal
Leite negro da aurora
Bebemos-te à tarde
Bebemos-te cedo e no dia
Bebemos-te à noite
Cavamos um túmulo no ar
Onde não se há de estar apertado
Mora um homem na casa
Que lida com magias e escreve
À Irlanda... Teu negro cabelo Brida
Presencia a cena dos confins dos tempos
Ele escreve e se afasta da casa
Cintilam estrelas pelo céu
No silêncio da noite escura
Assovia chamando os mastins:
-Cavem fundo uma cova na terra!
Agora nos manda tocar os violinos para dançar
Teu cabelo de cinza prateado
Brilha sobre sua tez pálida
Cavamos um túmulo no ar
Onde não se há de estar apertado
Grita: - Cavem mais fundo essa terra!
Pega o ferro do cinto balança-o
Grita: - Toquem e dancem!
A morte mais doce é a morte!
Grita: - Toquem nas sombras, os violinos, depois subam como fumaça!
...E hão de ter uma cova nas nuvens que lá não se fica apertado
A morte é um mestre senhor da Irlanda, seu olho é azul
Ele acerta-te a bala de chumbo, "te acerta na mosca"
Mora um homem na casa...Teu negro cabelo Brida
Presencia a cena dos confins dos tempos
Ele atiça os mastins contra nós
E nos dá uma cova nos ares
Ele lida com magias e sonha
Dá-nos pra beber
O leite negro da aurora
É o senhor da morte!!
PESADELOS
Betha M. Costa
Nos salões atros e deprimentes,
Espectros por todos os lados,
Bailam cérebros desatinados,
A valsa triste dos descontentes.
Ó, sarau das sombras imundas!
Porções negativas dos seres,
Feras enraizadas e fecundas,
Lutas de quereres e haveres...
MORCEGO
Nina
Suas asas ungem como sombras
Nas noites, escurecendo o luar...
Quem saberia dizer-me o que procuras:
- Seriam beijos que fazem sangrar?
VERSO SOMBRIÁTICO
Victória Magma
Que estranha lida do dia
Repercute na avenida
Por causa de uma quantia
Mataram o pobre vigia
Segundo as testemunhas
Os adversos eram tais
Com garras presas nas unhas
Que deram os golpes mortais!
Lembrando ainda o Frankenstein
No horror da noite e do dia
E se chegasse alguém
Para acabar com tal vileza
Davam tiros e facadas
Com toda maior rudeza!
Uivos deram de arrepiar
Na sombriática Rua do Sangue
Onde jaz mortífero altar
Aos seus pés, a vítima exangue
Aos irmãos da Irmandade
Deixo aqui meus cordiais
Abraços de garras lodosas
E lembranças bem mortais
MEGATÉRIO DIGITAL
Rogério Silvério de Farias
Animal digital
Mastodôntico canibal
De hiperlinks
E links!
Furbesto navegador merencóreo
Dos sonhos e das sombras
Cantas nas sombriáticas sulfurações
Soturnas siderações
Sorumbáticas
Cismáticas
Fantasmáticas!
E nas criptas soniais
Das volúpias velicativas
Vertiginosas
Vergonhosas
Vaporosas
Tu vagas
Tal qual nômade veloz
do lado de lá da platibanda do mundo!
Nascem teus poemas
De oníricas perfurações perfunctórias
No cérebro mórbido
Dançando em visões
Grotescas
Dantescas
Sardanapalescas
Piréticas
Morféticas
Enxofréticas
Catacúmbicas
E brotam, augustas,
Filosofices de filosofastro
Epitáfios e epifanias
no epicentro de teu centro,
Oh, voai comigo nestes versos!
Lápides lépidas
Langores lúbricos
Lascivas lesmas
Langores lancinantes
Horrores nunca vistos antes!
Melodias várias
Máscaras mortuárias
Fanfarronatas
Sonatas
Espectrais
Sepulcrais
Vermes
Epidermes
Intocáveis
Sem amor
Inomináveis
Solidões nos jardins
Assombrados
Na mente, em seus confins!
No cemitério maldito dos dias
Das máquinas humanas
Na coletiva hipnose
Tu profanas
Na simbiose
Paquidérmica
Ululante
Abracadabrante
De anjo e demônio
De loucos
e cadáveres putrescentes
Morres em teu Inferno sem favônio
Sonhai com luares
Incandescentes
Mares
Altares dos
Versos dementes
Das tuas estrofes catastróficas!
Mental locomotiva letal
De bizarrias
E virtuais fantasias
Estro
Canhestro
Lar doce lar
Tumular!
Tão pertos e tão longes
Teus virtuais
Amigos periecos e antecos
Também gritam os seus ais
Nas horas de tédio e seus funerais!
Rogério Silvério de Farias
Textos:
Escritores da ASOLET
(Academia Sombriática de Letras)
.
Formatação:
Betha M. Costa.
Maio de 2007
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Aí está, minha primeira poesia sombria:
OS SERES DO ESCURO
Para Henry Evaristo
Lua altiva brilhando
Silêncio permeia o negrume
Andar pelos pastos sombrios
Buscando, sem sorte, seu lume.
Ardor das carnes expostas
Projeta no medo um açoite
O bronze perfura vil corpo
Sozinho, indefeso na noite.
Jorrando mel rubro e orvalho
Invadem a terra em torpor
Mistura dos sais que convidam
Em festa, a morte em fulgor.
O vento que corta inclemente
Os silvos brindando o vazio
Despertam nos seres do escuro
Volúpias, desejos no cio.
OS SERES DO ESCURO
Para Henry Evaristo
Lua altiva brilhando
Silêncio permeia o negrume
Andar pelos pastos sombrios
Buscando, sem sorte, seu lume.
Ardor das carnes expostas
Projeta no medo um açoite
O bronze perfura vil corpo
Sozinho, indefeso na noite.
Jorrando mel rubro e orvalho
Invadem a terra em torpor
Mistura dos sais que convidam
Em festa, a morte em fulgor.
O vento que corta inclemente
Os silvos brindando o vazio
Despertam nos seres do escuro
Volúpias, desejos no cio.
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Lino, já comentei e repito, deve aproveitar mais este veio poético, escreva mais, este poema ficou muito bom! Tem silêncio, densidade, ambiente soturno e meio melancólico, e de repente, uma quebra que imprime velocidade e certa ferocidade.... interpretação minha, mas que mostra como eu gostei, parabéns!!!!!!
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Lesbia - Cruz e Sousa
Cróton selvagem, tinhorão lascivo,
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.
Nesse lábio mordente e convulsivo,
Ri, ri risadas de expressão violenta
O Amor, trágico e triste, e passa,lenta,
A morte, o espasmo gélido, aflitivo...
Lésbia nervosa, fascinante e doente,
Cruel e demoníaca serpente
Das flamejantes atrações do gozo.
Dos teus seios acídulos, amargos,
Fluem capros aromas e os letargos,
Os ópios de um luar tuberculoso.
Este poema me tira o ar...
Cróton selvagem, tinhorão lascivo,
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.
Nesse lábio mordente e convulsivo,
Ri, ri risadas de expressão violenta
O Amor, trágico e triste, e passa,lenta,
A morte, o espasmo gélido, aflitivo...
Lésbia nervosa, fascinante e doente,
Cruel e demoníaca serpente
Das flamejantes atrações do gozo.
Dos teus seios acídulos, amargos,
Fluem capros aromas e os letargos,
Os ópios de um luar tuberculoso.
Este poema me tira o ar...
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
AMANTE, A MORTE
Para Tânia Souza
Cadavérica forma
Olhos sem luz
Vazio de emoções
Não brilha ou seduz
Lágrimas tingem
De negro, sua face
Vertem, pululam
Faz velho o disfarce
Deitado, imóvel
Sem aura, sem vida
Buscando um caminho
Não há mais saída
Eis que ela surge
Eu a reconheço
Descanso eterno
Quem sabe eu mereço
Segura minha mão
Me leva sem força
Não tento gritar
Não há quem me ouça
Escura a estrada
O frio é constante
Chegou minha hora
A morte, a amante
Para Tânia Souza
Cadavérica forma
Olhos sem luz
Vazio de emoções
Não brilha ou seduz
Lágrimas tingem
De negro, sua face
Vertem, pululam
Faz velho o disfarce
Deitado, imóvel
Sem aura, sem vida
Buscando um caminho
Não há mais saída
Eis que ela surge
Eu a reconheço
Descanso eterno
Quem sabe eu mereço
Segura minha mão
Me leva sem força
Não tento gritar
Não há quem me ouça
Escura a estrada
O frio é constante
Chegou minha hora
A morte, a amante
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Dança profana
Era noite de todos os santos
Pulsavam-me tantos demônios
De vinho e ópio entorpecido
Em orgíacas celebrações
Notas de raras canções
Voláteis pelas ruas seguiam
Meus passos embriagados
Embrenharam-me estranho salão
Eram cortinas esvoaçantes
E à luz de candelabros
Bebi taças inebriantes
Em espelhos dourados
Vagavam sôfregas visões
Vultos que surgiam e sumiam
E ao alto da escadaria
A Deusa mais bela eu via
Entre todas dessa terra
Tanto pedi, implorei
Que Ela enfim desceria
A mão tão frágil estendeu-me
Suspirei ternuras:
— Tu és sublime, oh, bela criatura!
E na noite sombria, neblina
Baile de valsa e violinos
E nos giros mais loucos
Rodopiávamos afoitos
Foi quanto, ah cruel desatino
Um espelho trincado revelou-me
A foice do destino
Da musa outrora soberba
Entrevi a face pútrida
No rosto encovado
Olhos mortiços
Empestados de vícios
Da pele esverdeada
Vi putrecentes tumores
Ameaçando transbordar
Sufocavam-me odores
Senti na pele lacerações
Das unhas imundas
Escorriam infecções
De rouxidão nauseabunda
E junto a mim estremecia
O corpo esquálido
E na boca que fora tão rubra
Floresciam dons de germes
Brincavam gordos vermes
De um grito sufocado
Ardiam aflições
E rodopiávamos ainda assim
Os instintos tresloucados
Do tempo passado
No salão esfarrapado
Ah, não sei, não sei
Quando enfim calou-se a canção
O hálito pestilento murmurou-me:
— Sou aquela que tanto procuras
A que devora a tenra infância
Dos velhos lacera a carne
Não me curvarei a nada
Nem à prece nem ao ouro
Ajoelhei-me aterrorizado
Temendo fitar tão cadavérica face
— Não, não temais, ó cavalheiro
Dançaremos uma outra vez
Só não esqueça nunca, jamais
Da dama no salão dos espelhos!
Dita a sentença
Restou-me o vazio
Na fronte, grisalhos cabelos
Hoje trago na pele
A herança malfadada
Das unhas infectadas
E na alma o arrepio
Daquele estranho bailado
Em pesadelos, murmuro ainda:
— Monstruosa és tu, ó Deusa,
Soberana Deusa da Morte
E Sublime na beleza revelada!
Era noite de todos os santos
Pulsavam-me tantos demônios
De vinho e ópio entorpecido
Em orgíacas celebrações
Notas de raras canções
Voláteis pelas ruas seguiam
Meus passos embriagados
Embrenharam-me estranho salão
Eram cortinas esvoaçantes
E à luz de candelabros
Bebi taças inebriantes
Em espelhos dourados
Vagavam sôfregas visões
Vultos que surgiam e sumiam
E ao alto da escadaria
A Deusa mais bela eu via
Entre todas dessa terra
Tanto pedi, implorei
Que Ela enfim desceria
A mão tão frágil estendeu-me
Suspirei ternuras:
— Tu és sublime, oh, bela criatura!
E na noite sombria, neblina
Baile de valsa e violinos
E nos giros mais loucos
Rodopiávamos afoitos
Foi quanto, ah cruel desatino
Um espelho trincado revelou-me
A foice do destino
Da musa outrora soberba
Entrevi a face pútrida
No rosto encovado
Olhos mortiços
Empestados de vícios
Da pele esverdeada
Vi putrecentes tumores
Ameaçando transbordar
Sufocavam-me odores
Senti na pele lacerações
Das unhas imundas
Escorriam infecções
De rouxidão nauseabunda
E junto a mim estremecia
O corpo esquálido
E na boca que fora tão rubra
Floresciam dons de germes
Brincavam gordos vermes
De um grito sufocado
Ardiam aflições
E rodopiávamos ainda assim
Os instintos tresloucados
Do tempo passado
No salão esfarrapado
Ah, não sei, não sei
Quando enfim calou-se a canção
O hálito pestilento murmurou-me:
— Sou aquela que tanto procuras
A que devora a tenra infância
Dos velhos lacera a carne
Não me curvarei a nada
Nem à prece nem ao ouro
Ajoelhei-me aterrorizado
Temendo fitar tão cadavérica face
— Não, não temais, ó cavalheiro
Dançaremos uma outra vez
Só não esqueça nunca, jamais
Da dama no salão dos espelhos!
Dita a sentença
Restou-me o vazio
Na fronte, grisalhos cabelos
Hoje trago na pele
A herança malfadada
Das unhas infectadas
E na alma o arrepio
Daquele estranho bailado
Em pesadelos, murmuro ainda:
— Monstruosa és tu, ó Deusa,
Soberana Deusa da Morte
E Sublime na beleza revelada!
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
fenestras
ah, da janela vejo
noite estende-me
louco tapete negro
há muitas luas
tristes cílios
paredes pálidas
trincadas e nuas
....é de lírios mortos
....o sabor das ruas
ah, da janela vejo
noite estende-me
louco tapete negro
fragmentos de mim
estrelas entrelaçadas
ao vento vão
tão lejana fé
desfia-se sorriso
esfria-se o café
melancólica melodia
cacos
........louças
................estilhaços
escoando melancolia
é tão rubra a brisa
mar vermelho
tatuando face minha
da janela tão vazia
passos na calçada
já não podem ver
adeus d’alma minha
perdida estou
resquícios de mim
vagando ao infinto
brisa levou
atraida por teu grito
tu, solitário e aflito
beijar-te-ei ainda
derradeiro beijo-dor
Tânia Souza
ah, da janela vejo
noite estende-me
louco tapete negro
há muitas luas
tristes cílios
paredes pálidas
trincadas e nuas
....é de lírios mortos
....o sabor das ruas
ah, da janela vejo
noite estende-me
louco tapete negro
fragmentos de mim
estrelas entrelaçadas
ao vento vão
tão lejana fé
desfia-se sorriso
esfria-se o café
melancólica melodia
cacos
........louças
................estilhaços
escoando melancolia
é tão rubra a brisa
mar vermelho
tatuando face minha
da janela tão vazia
passos na calçada
já não podem ver
adeus d’alma minha
perdida estou
resquícios de mim
vagando ao infinto
brisa levou
atraida por teu grito
tu, solitário e aflito
beijar-te-ei ainda
derradeiro beijo-dor
Tânia Souza
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
notívaga
ao sol que finda
marfim sanguíneo
de lascívia fome
antecipa e suspira
ah, sorver assim
embriagante vinho
de vida inebriado
este selvagem espasmo
dentes lascivos
desvendam
frutas de carnes
sonatas de gemidos
ah, serpente esguia
lábios esquizofrênicos
eterna tautologia
olhar rubi
espreita a noite
terno e feroz, perfila
calçadas doloridas
sementes de vida
palpitam rubros anseios
ao luar argênteo
oferta
e oferenda
em febril sedução...
Tânia Souza
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