NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
+14
seguidorlovecraft
BOI
Edgar Braga Buchara
Fiore
PAULO SORIANO
Afonso
Barreto
Pacheco
Tânia Souza
Flávio de Souza
Poleto
Victor
Lino França Jr.
Celly Borges
18 participantes
Página 36 de 40
Página 36 de 40 • 1 ... 19 ... 35, 36, 37, 38, 39, 40
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Essa história de conto foufo está contagiando todo mundo.
Mas não é que o pessoal está se saindo bem???
Mas não é que o pessoal está se saindo bem???
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
PAULO SORIANO escreveu:Puxa, Celly! Eu sou mesmo um fracasso.
Até mesmo quando tento escrever um conto foufo, sai trágico!
Paulo, não, tá ótimo! Vou colocar ele logo mais... um a cada dia! hihihihihi
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Celly Borges escreveu:Que massa, descobri que Vianco vem pra cá em outubro!
Aiai, santo Submarino, me fez quase completar a coleção rsrsrs
Alguém vai na Bienal de SP?
Que legal, Celly.
Mas... terminei recentemente o último livro da série, O Turno da Noite, e infelizmente o livro é sofrível. Isso aliás, me chateia muito, pois já li e tenho todos os livros do Vianco, gosto da maioria dos seus livros, mas esse chamado "O livro de Jó" é triste... isso no pior sentido da palavra. Não recomendaria nem para o meu pior inimigo.
Eu irei na Bienal de SP, sim. Provavelmente no dia 14 ou 15, ou nos dois...
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Celly Borges escreveu:Então, T, é bem bom, li a 1° edição. É uma leitura gostosa... Mas acho que os meninos não vão gostar.
Eu já li. Não é terror, mas é legal...
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Vou tentar responder todo mundo num post só, pq minha net tá um LIXO!
Victor, já sabe, se for sozinho, vai ter consequencias muhahaha
Ramon, os comentários são muito massa sobre os escritores que participam do desafio... Ninguém acredita hehehe
Ouvi falar mal de OTN... tenho mas não tive vontade de ler ainda...
Li a edição antiga de Rlações de Sangue, achei bacana... agora estou lendo a nova, com um capitulo a mais e um conto...
Gostei do avatar, Lino!
acho q é isso... =/
Victor, já sabe, se for sozinho, vai ter consequencias muhahaha
Ramon, os comentários são muito massa sobre os escritores que participam do desafio... Ninguém acredita hehehe
Ouvi falar mal de OTN... tenho mas não tive vontade de ler ainda...
Li a edição antiga de Rlações de Sangue, achei bacana... agora estou lendo a nova, com um capitulo a mais e um conto...
Gostei do avatar, Lino!
acho q é isso... =/
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Lino França Jr. escreveu:
Que legal, Celly.
Mas... terminei recentemente o último livro da série, O Turno da Noite, e infelizmente o livro é sofrível. Isso aliás, me chateia muito, pois já li e tenho todos os livros do Vianco, gosto da maioria dos seus livros, mas esse chamado "O livro de Jó" é triste... isso no pior sentido da palavra. Não recomendaria nem para o meu pior inimigo.
Eu irei na Bienal de SP, sim. Provavelmente no dia 14 ou 15, ou nos dois...
Lino, dia 14 tem o lançamento de Aos Olhos da Morte, vc vai?
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
ramonbacelar escreveu:
T obrigado pelas boas vindas.
Procure um conto do Horácio Quiroga chamado O Travesseiro de Plumas, acho que tem online.
Vasculhe as locadoras por um filmaço da Kathrine Bigelow chamado Quando Chega a Escuridão ou então algum filme da Hammer. Acho que vai lubrificar os motores criativos
Ramon, este conto eu adoro, nossa, um dos melhores né, agora vou procurar este filme, que não conhecia, valeu!!!
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Tânia Souza escreveu:ramonbacelar escreveu:
T obrigado pelas boas vindas.
Procure um conto do Horácio Quiroga chamado O Travesseiro de Plumas, acho que tem online.
Vasculhe as locadoras por um filmaço da Kathrine Bigelow chamado Quando Chega a Escuridão ou então algum filme da Hammer. Acho que vai lubrificar os motores criativos
Ramon, este conto eu adoro, nossa, um dos melhores né, agora vou procurar este filme, que não conhecia, valeu!!!
Eu fiz uma tradução do "Travesseiro de Penas" e, também, de "A galinha degolada".
Mandei um deles para Barreto publicar no arquivo. Mas não me lembro qual.
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Celly Borges escreveu:PAULO SORIANO escreveu:Puxa, Celly! Eu sou mesmo um fracasso.
Até mesmo quando tento escrever um conto foufo, sai trágico!
Paulo, não, tá ótimo! Vou colocar ele logo mais... um a cada dia! hihihihihi
Gracias, hermana!
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Celly:
Brincadeiras à parte, estou mesmo escrevendo um conto foufo. É sério. Quando estiver pronto, eu aviso, ok?
Brincadeiras à parte, estou mesmo escrevendo um conto foufo. É sério. Quando estiver pronto, eu aviso, ok?
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Tânia Souza escreveu:ramonbacelar escreveu:
T obrigado pelas boas vindas.
Procure um conto do Horácio Quiroga chamado O Travesseiro de Plumas, acho que tem online.
Vasculhe as locadoras por um filmaço da Kathrine Bigelow chamado Quando Chega a Escuridão ou então algum filme da Hammer. Acho que vai lubrificar os motores criativos
Ramon, este conto eu adoro, nossa, um dos melhores né, agora vou procurar este filme, que não conhecia, valeu!!!
Sem dúvida um Quiroga vintage. Tem um da cobra que não me lembro o nome que é soberbo!
Este filme é uma mistura selvagem de terror com road movie, vale muito a pena.
Abs!
ramonbacelar- Mensagens : 185
Data de inscrição : 21/07/2010
ramonbacelar- Mensagens : 185
Data de inscrição : 21/07/2010
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Celly:
Conforme prometido, vai o conto foufo (de verdade!):
O RELÓGIO
Para Celly
- Annabella - disse o moleiro -, é tempo de ir à vila vender a minha farinha. Você é quase uma mocinha e saberá cuidar-se bem. Tome conta da casa com o mesmo cuidado que a sua mãe teria, se viva fosse. E não abra a porta para estranhos. Estarei de volta amanhã à noitinha.
A menina de 12 anos abraçou o pai, dizendo que ficaria bem.
Na manhã seguinte, bateram-lhe à porta.
- Quem bate? - perguntou a menina.
- Um pobre homem que precisa de ajuda - respondeu alguém.
Annabella correu à janela e abriu a veneziana.
- O que o senhor deseja? - indagou Annabella, olhando,assutada, para o homem. Realmente, era com um horrível ancião que a menina falava.
- Não tenha medo de mim. Apesar de minha aparência, tenho bom coração.
- Meu pai não me deixa falar com gente estrannha Eu sinto muito, mas não posso ajudá-lo.
Annabela já ia fechar a veneziana, quando o homem implorou:
- Linda criança, se você não me socorrer, eu morrerei!
- De que o senhor precisa?
- Eu era relojoeiro - prosseguiu o velho homem -, mas agora vivo a esmolar. Tudo por causa de um encanto de uma fada má e ciumenta. Eu quase não enxergo mais, minhas mãos são fracas e trêmulas. Assim, não consigo dar corda ao relógio. Preciso que você o faça, antes que ele pare. Se ele cessar os movimentos, eu morro imediatamente. E, neste preciso instante, a corda está acabando.
A menina abriu a porta pediu que o homem entrasse.
- Dê cá o relógio - disse Annabella.
- Boa menina - disse o homem, aliviado, em tom de confidência -, quanto mais corda você der, maior será a minha sobrevida.
Annabella era uma criança compassiva. Pediu ao homem que se sentasse próximo à lareira e que alimentasse a chama. E se pôs a dar corda ao relógio. Quando, exausta, concluiu a tartefa, o galo já cantava, porque o sol estava quase a nascer.
- Muito obrigado! - disse o velho homem. - Você não só salvou a minha vida como me encheu de anos. Como sinal de gratidão, eu lhe dou um presente.
O ancião meteu a mão na algibeira e de lá retirou um relógio de latão.
A princípio, a menina não ficou satisfeita com o que ganhara, já que o relógio era muito velho e sem valor. Mas, como nada exigira em troca de seus serviços, o aceitou de bom grado, imaginando que a quinquilharia teria alguma serventia ao seu pai. O velho, agradecido, continuou:
- Este relógio é especial. Uma boa fada pôs nele um encanto. Se você adianta o relógio, envelhece. Se atrasa, rejuvenece. Mas você deve usá-lo com sabedoria, pois somente por três vezes o relógio servirá a você.
E, dizendo isto, o ancião partiu.
Annabella guardou o presente em seu pequeno baú, juntamente com seus brinquedinhos, fitas e adereços preferidos e esperou, pacientemetente, por uma oportunidade de desfrutar de seus encantos.
A ocasião veio alguns meses depois.
Arautos do rei Edgar anunciaram uma grande festa, à noite, no salão do palácio de Cronos, em comemoração aos 18 anos do príncipe hedeiro.
Quando soube do espetáculo, Anabella murmurou conisgo mesma:
- Quem me dera ser um tanto mais velha! Na minha idade, não me deixarão entrar no baile!
De súbito, os olhos de Annabella se iluminaram. Sim, era isso!
Annabella correu ao baú, colheu o relógio e, com grande ansiedade, à frente do espelho do quarto, pôs-se a dar voltas no dispositivo da corda, fazendo com que os ponteiros se deslocasem velozmente para a direita. E, à medida que os ponteiros deslizavam sobre o marcador, Annabela vislumbrava, com o coração acelerado, as transformações em seu corpo e em sua face.
Quando Annabela parou, já não mais era uma criança: era uma linda jovem, no esplendor da adolescência.
Aproveitando-se da ausência do pai, que fora à vila mercar a farinha de trigo, Annabella vestiu as roupas de gala da mãe, que falecera no inverno anterior, e rumou, alegre, para o palácio de Cronos.
Que festa maravilhosa! O belo e gentil príncipe Allan estava deslumbrado. Não tinha olhos para ninguém, exceto para Annabella, com quem bailou toda noite. Mas, quando o sol desprendeu os seus primeiros fios dourados de luz, Annabella despediu-se do príncipe e retornou a casa. Lá, com a ajuda do relógio, voltou ser a menina de apenas 12 anos.
O príncipe Allan, que se apaixonara perdidamente pela moça, percorreu todo o reino, à sua procura. Por isso, certa tarde, bateu à porta da casa do moleiro que, com grande satisfação, fez o príncipe entrar.
Vendo Annabella sentada junto à lareira, a bordar com esmero um pano de prato, o príncipe exclamou:
- Onde está a irmã mais velha dessa garota? Vejo que ela se parece muito com a minha amada.
- Ó príncipe - respondeu o moleiro -, ela é a minha única filha.
Admirada, Annabela olhou para infante. Seu coração acelerou. A face corou. E as maõzinhas puseram-se a tremer. Então, disse Annabella:
- É verdade, príncipe. Sou filha única.Não tenho irmã.
O príncipe retornou ao palácio de Cronos com a alma em destroços. E jurou que jamais se casaria com outra mulher que não fosse a moça de seus sonhos, aquela jovem maravilhosa com quem bailara no salão de festas do palácio de Cronos.
Os anos se passaram. Annabella cresceu e tornou-se uma linda adolescente.
Certa feita, estando o pai acamado, Annabela teve de ir à feira, mercar a farinha de trigo. Estava a moça a combinar o preço com um feirante, quando dela se aproximou um belo rapaz. Annabella o reconheceu imediatamente. Era o príncipe Allan.
- Acho que minhas buscas terminam aqui - disse, admirado, o príncipe. - Você não é a jovem que bailou comigo até o amanhecer?
- Sim! - respondeu Annabella.
Uma semana depois, para a alegria de todos, Annabella e Allan estavam casados. Nunca houve uma festa tão suntuosa no reino de Rellog.
Como o tempo não pedoa ninguém, Annabela envelheceu.
Estava ela – agora rainha - já bem idosa, muito doente, e pareceu que iria morrer.
- Minhas horas estão contadas - disse Annabella ao rei Allan. - Morrerei em breve!
- Ah, querida! Eu faria tudo para que suas horas fossem prolongadas!
A face de Annabella encheu-se de um estrano fulgor. Ela havia se lembrado do ancião, cuja vida salvara. E, também, do velho relógio, que, há muitos anos, havia guardado no baú de miudezas.
Seguindo as instruções de Annabella, os pajens trouxeram a ela o relógio de latão. Então, com as mãos incrivelmente firmes, Annabela pôs-se a movimentar os ponteiros para a esquerda. Admirado, o rei Allan viu que sua amada, aos poucos, rejuvenescia.
- Annabella, você já não é mais uma mulher idosa. Por milagre, você está com a mesma aparência que tinha quando eu a conheci! Já não posso ficar com você, visto que sou um homem idoso e você, tão jovem, não há de me querer.
- Este relógio é especial - respondeu Annabella. - Uma boa fada pôs nele um encanto. Se você adianta o relógio, envelhece. Se atrasa, rejuvenece. Mas você deve usá-lo com sabedoria, pois somente por três vezes o relógio terá serventia.
O rei agradeceu
Neste mesmo dia, o povo de Rellog teve uma grata surpresa: os seus soberanos eram jovens novamente. Teriam muitos, muitos anos de prosperidade pela frente, sob a prudente autoridade de monarcas justos e generosos.
Conforme prometido, vai o conto foufo (de verdade!):
O RELÓGIO
Para Celly
- Annabella - disse o moleiro -, é tempo de ir à vila vender a minha farinha. Você é quase uma mocinha e saberá cuidar-se bem. Tome conta da casa com o mesmo cuidado que a sua mãe teria, se viva fosse. E não abra a porta para estranhos. Estarei de volta amanhã à noitinha.
A menina de 12 anos abraçou o pai, dizendo que ficaria bem.
Na manhã seguinte, bateram-lhe à porta.
- Quem bate? - perguntou a menina.
- Um pobre homem que precisa de ajuda - respondeu alguém.
Annabella correu à janela e abriu a veneziana.
- O que o senhor deseja? - indagou Annabella, olhando,assutada, para o homem. Realmente, era com um horrível ancião que a menina falava.
- Não tenha medo de mim. Apesar de minha aparência, tenho bom coração.
- Meu pai não me deixa falar com gente estrannha Eu sinto muito, mas não posso ajudá-lo.
Annabela já ia fechar a veneziana, quando o homem implorou:
- Linda criança, se você não me socorrer, eu morrerei!
- De que o senhor precisa?
- Eu era relojoeiro - prosseguiu o velho homem -, mas agora vivo a esmolar. Tudo por causa de um encanto de uma fada má e ciumenta. Eu quase não enxergo mais, minhas mãos são fracas e trêmulas. Assim, não consigo dar corda ao relógio. Preciso que você o faça, antes que ele pare. Se ele cessar os movimentos, eu morro imediatamente. E, neste preciso instante, a corda está acabando.
A menina abriu a porta pediu que o homem entrasse.
- Dê cá o relógio - disse Annabella.
- Boa menina - disse o homem, aliviado, em tom de confidência -, quanto mais corda você der, maior será a minha sobrevida.
Annabella era uma criança compassiva. Pediu ao homem que se sentasse próximo à lareira e que alimentasse a chama. E se pôs a dar corda ao relógio. Quando, exausta, concluiu a tartefa, o galo já cantava, porque o sol estava quase a nascer.
- Muito obrigado! - disse o velho homem. - Você não só salvou a minha vida como me encheu de anos. Como sinal de gratidão, eu lhe dou um presente.
O ancião meteu a mão na algibeira e de lá retirou um relógio de latão.
A princípio, a menina não ficou satisfeita com o que ganhara, já que o relógio era muito velho e sem valor. Mas, como nada exigira em troca de seus serviços, o aceitou de bom grado, imaginando que a quinquilharia teria alguma serventia ao seu pai. O velho, agradecido, continuou:
- Este relógio é especial. Uma boa fada pôs nele um encanto. Se você adianta o relógio, envelhece. Se atrasa, rejuvenece. Mas você deve usá-lo com sabedoria, pois somente por três vezes o relógio servirá a você.
E, dizendo isto, o ancião partiu.
Annabella guardou o presente em seu pequeno baú, juntamente com seus brinquedinhos, fitas e adereços preferidos e esperou, pacientemetente, por uma oportunidade de desfrutar de seus encantos.
A ocasião veio alguns meses depois.
Arautos do rei Edgar anunciaram uma grande festa, à noite, no salão do palácio de Cronos, em comemoração aos 18 anos do príncipe hedeiro.
Quando soube do espetáculo, Anabella murmurou conisgo mesma:
- Quem me dera ser um tanto mais velha! Na minha idade, não me deixarão entrar no baile!
De súbito, os olhos de Annabella se iluminaram. Sim, era isso!
Annabella correu ao baú, colheu o relógio e, com grande ansiedade, à frente do espelho do quarto, pôs-se a dar voltas no dispositivo da corda, fazendo com que os ponteiros se deslocasem velozmente para a direita. E, à medida que os ponteiros deslizavam sobre o marcador, Annabela vislumbrava, com o coração acelerado, as transformações em seu corpo e em sua face.
Quando Annabela parou, já não mais era uma criança: era uma linda jovem, no esplendor da adolescência.
Aproveitando-se da ausência do pai, que fora à vila mercar a farinha de trigo, Annabella vestiu as roupas de gala da mãe, que falecera no inverno anterior, e rumou, alegre, para o palácio de Cronos.
Que festa maravilhosa! O belo e gentil príncipe Allan estava deslumbrado. Não tinha olhos para ninguém, exceto para Annabella, com quem bailou toda noite. Mas, quando o sol desprendeu os seus primeiros fios dourados de luz, Annabella despediu-se do príncipe e retornou a casa. Lá, com a ajuda do relógio, voltou ser a menina de apenas 12 anos.
O príncipe Allan, que se apaixonara perdidamente pela moça, percorreu todo o reino, à sua procura. Por isso, certa tarde, bateu à porta da casa do moleiro que, com grande satisfação, fez o príncipe entrar.
Vendo Annabella sentada junto à lareira, a bordar com esmero um pano de prato, o príncipe exclamou:
- Onde está a irmã mais velha dessa garota? Vejo que ela se parece muito com a minha amada.
- Ó príncipe - respondeu o moleiro -, ela é a minha única filha.
Admirada, Annabela olhou para infante. Seu coração acelerou. A face corou. E as maõzinhas puseram-se a tremer. Então, disse Annabella:
- É verdade, príncipe. Sou filha única.Não tenho irmã.
O príncipe retornou ao palácio de Cronos com a alma em destroços. E jurou que jamais se casaria com outra mulher que não fosse a moça de seus sonhos, aquela jovem maravilhosa com quem bailara no salão de festas do palácio de Cronos.
Os anos se passaram. Annabella cresceu e tornou-se uma linda adolescente.
Certa feita, estando o pai acamado, Annabela teve de ir à feira, mercar a farinha de trigo. Estava a moça a combinar o preço com um feirante, quando dela se aproximou um belo rapaz. Annabella o reconheceu imediatamente. Era o príncipe Allan.
- Acho que minhas buscas terminam aqui - disse, admirado, o príncipe. - Você não é a jovem que bailou comigo até o amanhecer?
- Sim! - respondeu Annabella.
Uma semana depois, para a alegria de todos, Annabella e Allan estavam casados. Nunca houve uma festa tão suntuosa no reino de Rellog.
Como o tempo não pedoa ninguém, Annabela envelheceu.
Estava ela – agora rainha - já bem idosa, muito doente, e pareceu que iria morrer.
- Minhas horas estão contadas - disse Annabella ao rei Allan. - Morrerei em breve!
- Ah, querida! Eu faria tudo para que suas horas fossem prolongadas!
A face de Annabella encheu-se de um estrano fulgor. Ela havia se lembrado do ancião, cuja vida salvara. E, também, do velho relógio, que, há muitos anos, havia guardado no baú de miudezas.
Seguindo as instruções de Annabella, os pajens trouxeram a ela o relógio de latão. Então, com as mãos incrivelmente firmes, Annabela pôs-se a movimentar os ponteiros para a esquerda. Admirado, o rei Allan viu que sua amada, aos poucos, rejuvenescia.
- Annabella, você já não é mais uma mulher idosa. Por milagre, você está com a mesma aparência que tinha quando eu a conheci! Já não posso ficar com você, visto que sou um homem idoso e você, tão jovem, não há de me querer.
- Este relógio é especial - respondeu Annabella. - Uma boa fada pôs nele um encanto. Se você adianta o relógio, envelhece. Se atrasa, rejuvenece. Mas você deve usá-lo com sabedoria, pois somente por três vezes o relógio terá serventia.
O rei agradeceu
Neste mesmo dia, o povo de Rellog teve uma grata surpresa: os seus soberanos eram jovens novamente. Teriam muitos, muitos anos de prosperidade pela frente, sob a prudente autoridade de monarcas justos e generosos.
Última edição por PAULO SORIANO em Sáb 24 Jul 2010 - 16:46, editado 5 vez(es)
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
CARAMBA! Paulo, que lindo o conto!
Estou encantada com este desafio que surgiu de uma brincadeira!!
Estou encantada com este desafio que surgiu de uma brincadeira!!
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Celly Borges escreveu:CARAMBA! Paulo, que lindo o conto!
Estou encantada com este desafio que surgiu de uma brincadeira!!
Obrigado, Celly!
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
Por que não criamos um tópico oficializando o desafio lá na parte de desafios? Saiu muita coisa boa por conta disso!
Re: NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SEXTO TÓPICO - ABERTO)
ramonbacelar escreveu:Tânia Souza escreveu:ramonbacelar escreveu:
T obrigado pelas boas vindas.
Procure um conto do Horácio Quiroga chamado O Travesseiro de Plumas, acho que tem online.
Vasculhe as locadoras por um filmaço da Kathrine Bigelow chamado Quando Chega a Escuridão ou então algum filme da Hammer. Acho que vai lubrificar os motores criativos
Ramon, este conto eu adoro, nossa, um dos melhores né, agora vou procurar este filme, que não conhecia, valeu!!!
Sem dúvida um Quiroga vintage. Tem um da cobra que não me lembro o nome que é soberbo!
Este filme é uma mistura selvagem de terror com road movie, vale muito a pena.
Abs!
Ramon, vc se refere ao conto "À deriva", de Horácio Quiroga? Nesse conto, um homem é mordido por uma serpe venenosa.Muito bom. Sou fã do mestre uruguaio. Aos poucos, estou traduzindo os contos dele. Quem sabe, no futuro, terei um volume?
Página 36 de 40 • 1 ... 19 ... 35, 36, 37, 38, 39, 40
Tópicos semelhantes
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (SÉTIMO TÓPICO - ABERTO)
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (OITAVO TÓPICO - ABERTO)
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (NONO TÓPICO - ABERTO)
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (TERCEIRO TÓPICO - BLOQUEADO PARA NOVAS POSTAGENS)
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (QUINTO TÓPICO - ABERTO)
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (OITAVO TÓPICO - ABERTO)
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (NONO TÓPICO - ABERTO)
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (TERCEIRO TÓPICO - BLOQUEADO PARA NOVAS POSTAGENS)
» NECRÓPOLE - Espaço para a interação e convivência social virtual entre escritores de literatura fantástica. (QUINTO TÓPICO - ABERTO)
Página 36 de 40
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos