POÉTICA DAS SOMBRAS
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Tânia Souza
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Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
MÚSICA DA MORTE
A música da Morte, a nebulosa,
estranha, imensa música sombria,
passa a tremer pela minh'alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa ...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
letes sinistro e torvo da agonia,
recresce a lancinante sinfonia
sobe, numa volúpia dolorosa ...
Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
tremenda, absurda, imponderada e larga,
de pavores e trevas alucina ...
E alucinando e em trevas delirando,
como um ópio letal, vertiginando,
os meus nervos, letárgica, fascina ...
Cruz e Souza
A música da Morte, a nebulosa,
estranha, imensa música sombria,
passa a tremer pela minh'alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa ...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
letes sinistro e torvo da agonia,
recresce a lancinante sinfonia
sobe, numa volúpia dolorosa ...
Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
tremenda, absurda, imponderada e larga,
de pavores e trevas alucina ...
E alucinando e em trevas delirando,
como um ópio letal, vertiginando,
os meus nervos, letárgica, fascina ...
Cruz e Souza
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Bruxa, bruxinha, bruxilda, bruxosa
Por Tânia Souza
Ei, psiu, venha até aqui
Não tenha medo de mim
Olhe bem nos meus olhos
Tente não estranhar
Neste mundo existe
Cousas de espantar
Meu caldeirão está fervendo
Com baba de morcego, flor azul
E outras coisitas mais...
Eu sou uma bruxa tão famosa
Por maldades diversas sou temida
Hoje, quero contar um segredo
Que guardei por toda vida
Não sou má, talvez ma de luca
Sou uma moça esquisita
Vestida de preto, como tantas
Pois essa cor é tão bonita
E em vez de piercing, olhe bem
Adoro as verrugas que meu nariz tem
E as botas em couro, bicudinhas
Na verdade acho uma gracinha...
Minha risada escandalosa?
Ka ka kak ka ak aka kak ka…!
Não difere muito da sua a gargalhar.
Só por que eu danço em noites de luar
Não precisa me condenar
Gosto de magia, de escutar a vida
Sei segredos da terra e das árvores
Elas falam de magias escondidas
Mistérios do mundo inteirinho
E se n'alguma noite escura
Uma descabelada garota passar
Voando em vassoura enlouquecida
Não precisa se assustar, nem soluçar
Com a tal chapinha não me acostumei
E deixo meus cachos soltos no ar
Sou bruxa, bruxinha, bruxilda, bruxosa
Mas sou mesmo uma menina divertida
Que não tem com quem brincar
Não tenha medo desse meu olhar
No calderão não vou lhe empurrar
Isso é intriga, mentira da braba
Veja e prove dessa fervura multipla
É uma gostosa e mística poção
Para minhas verruguinhas amaciar
Meu namorado é um gnomo majestoso
E adora comigo, sob o luar passear
Esta noite ficarei bem escabrosa
Para ele se encantar
Sou uma bruxa moçoila
Quinhentos anos é idade boa pra casar
Se amaciar bem as verrugas
Se arrepiar o cabelo
E com perfume de morcegos
Meu pescoço adornar
ai ai ai bem sei
Ele vai se declarar
Esse é o segredo que queria contar
Uma bruxa apaixonada presenteia
Quem seu caminho passar
Ofereço-lhe uma taça da poção
Para a sua beleza aumentar
E um belo gnomo verruguento
Ou uma feiticeira encardidinha
Por você vai se enamorar...
Por Tânia Souza
Ei, psiu, venha até aqui
Não tenha medo de mim
Olhe bem nos meus olhos
Tente não estranhar
Neste mundo existe
Cousas de espantar
Meu caldeirão está fervendo
Com baba de morcego, flor azul
E outras coisitas mais...
Eu sou uma bruxa tão famosa
Por maldades diversas sou temida
Hoje, quero contar um segredo
Que guardei por toda vida
Não sou má, talvez ma de luca
Sou uma moça esquisita
Vestida de preto, como tantas
Pois essa cor é tão bonita
E em vez de piercing, olhe bem
Adoro as verrugas que meu nariz tem
E as botas em couro, bicudinhas
Na verdade acho uma gracinha...
Minha risada escandalosa?
Ka ka kak ka ak aka kak ka…!
Não difere muito da sua a gargalhar.
Só por que eu danço em noites de luar
Não precisa me condenar
Gosto de magia, de escutar a vida
Sei segredos da terra e das árvores
Elas falam de magias escondidas
Mistérios do mundo inteirinho
E se n'alguma noite escura
Uma descabelada garota passar
Voando em vassoura enlouquecida
Não precisa se assustar, nem soluçar
Com a tal chapinha não me acostumei
E deixo meus cachos soltos no ar
Sou bruxa, bruxinha, bruxilda, bruxosa
Mas sou mesmo uma menina divertida
Que não tem com quem brincar
Não tenha medo desse meu olhar
No calderão não vou lhe empurrar
Isso é intriga, mentira da braba
Veja e prove dessa fervura multipla
É uma gostosa e mística poção
Para minhas verruguinhas amaciar
Meu namorado é um gnomo majestoso
E adora comigo, sob o luar passear
Esta noite ficarei bem escabrosa
Para ele se encantar
Sou uma bruxa moçoila
Quinhentos anos é idade boa pra casar
Se amaciar bem as verrugas
Se arrepiar o cabelo
E com perfume de morcegos
Meu pescoço adornar
ai ai ai bem sei
Ele vai se declarar
Esse é o segredo que queria contar
Uma bruxa apaixonada presenteia
Quem seu caminho passar
Ofereço-lhe uma taça da poção
Para a sua beleza aumentar
E um belo gnomo verruguento
Ou uma feiticeira encardidinha
Por você vai se enamorar...
Última edição por Tânia Souza em Seg 2 Nov 2009 - 15:25, editado 2 vez(es)
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
De BOI e Tânia
Uma ode a esse mês
Uma ode a esse mês
Novembro Insano
Não sei se foi o calor que nos matou
Mas morremos naquele novembro
Quando a febre tornou-se rotina
Os rostos avermelhados
Os olhos mortiços
Lábios rachados
O sangue fervia
A intolerância
A agonia
A ira
De um olhar raivoso
O sangue derramava-se
No ódio que o calor transmitia
Tênis grudavam-se ao chão como gomas de mascar
As ondas de calor derreteram asfalto
Pneus não suportavam circular
Explodiam sozinhos nas rodas dos carros
As barras de metal dos gols da cidade
Em todo campo de futebol
Derretiam ao chão
Os mosquitos
Indiferentes ao calor
Se reproduziam como se sempre em fecundação
O fogo que se acendia das folhas verdes
Consumia tudo em seu caminho
As moças perderam as madeixas
Os fios esturricavam-se
Os olhos enrugavam-se
A pele queimava
E se contorcia
Em pura agonia
Os ovos fritavam nas cascas
O leite fervia nas tetas
A carne sozinha assava
Nesse forno que chamávamos de planeta
Nem mesmo a chuva
Nossa grande e esperada salvadora
Conseguia cair no chão
Pois ao cair cada gota evaporava em pleno ar
E voltava aos céus
Para se esconder novamente atrás do sol
Esse sol carrasco
Esse sol quente
Esse sol famigerado de raios inclementes
E clemência! Pedíamos a Deus!
Pois que do fogo veio as cinzas
E das cinzas veio o pó
E do pó nós viemos
Para de novo ao fogo ser pó
Não sei se foi o calor que nos matou
Mas morremos naquele Novembro
Restando apenas uma tênue e febril memória
Dos corpos que sumiram
Derretendo junto ao pó
Do pó que viemos
E para sempre seremos
Apenas
Pó
Tânia Souza & BOI
Não sei se foi o calor que nos matou
Mas morremos naquele novembro
Quando a febre tornou-se rotina
Os rostos avermelhados
Os olhos mortiços
Lábios rachados
O sangue fervia
A intolerância
A agonia
A ira
De um olhar raivoso
O sangue derramava-se
No ódio que o calor transmitia
Tênis grudavam-se ao chão como gomas de mascar
As ondas de calor derreteram asfalto
Pneus não suportavam circular
Explodiam sozinhos nas rodas dos carros
As barras de metal dos gols da cidade
Em todo campo de futebol
Derretiam ao chão
Os mosquitos
Indiferentes ao calor
Se reproduziam como se sempre em fecundação
O fogo que se acendia das folhas verdes
Consumia tudo em seu caminho
As moças perderam as madeixas
Os fios esturricavam-se
Os olhos enrugavam-se
A pele queimava
E se contorcia
Em pura agonia
Os ovos fritavam nas cascas
O leite fervia nas tetas
A carne sozinha assava
Nesse forno que chamávamos de planeta
Nem mesmo a chuva
Nossa grande e esperada salvadora
Conseguia cair no chão
Pois ao cair cada gota evaporava em pleno ar
E voltava aos céus
Para se esconder novamente atrás do sol
Esse sol carrasco
Esse sol quente
Esse sol famigerado de raios inclementes
E clemência! Pedíamos a Deus!
Pois que do fogo veio as cinzas
E das cinzas veio o pó
E do pó nós viemos
Para de novo ao fogo ser pó
Não sei se foi o calor que nos matou
Mas morremos naquele Novembro
Restando apenas uma tênue e febril memória
Dos corpos que sumiram
Derretendo junto ao pó
Do pó que viemos
E para sempre seremos
Apenas
Pó
Tânia Souza & BOI
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Pessegos e manga...
Uma delícia se servidos direitos!
Junto com carne humana
Defumada e pão de centeio.
Uma delícia se servidos direitos!
Junto com carne humana
Defumada e pão de centeio.
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
BOI escreveu:Cezanne! O mestre da natureza morta...
E põe morta nisso!
os nobres ceiam
os pobrem gemem
banquete e migalhas
em nefasta festança
da turba escarlate
rugindo em fome
tu és a presença
tu és lembrança
oh, sombria caveira
olhos vazados espiam
a última refeição...
em colorida mesa
tu és apenas
eterna cobrança...
dos séculos ao infinito
és tu, a infeliz herança
Tânia Souza
os pobrem gemem
banquete e migalhas
em nefasta festança
da turba escarlate
rugindo em fome
tu és a presença
tu és lembrança
oh, sombria caveira
olhos vazados espiam
a última refeição...
em colorida mesa
tu és apenas
eterna cobrança...
dos séculos ao infinito
és tu, a infeliz herança
Tânia Souza
Última edição por Tânia Souza em Ter 20 Abr 2010 - 14:46, editado 1 vez(es)
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
IV - MEU QUERIDO PÉ!
Tapurú* todo faceiro
Se alimenta de mancinho
Come carne o dia inteiro
Mata a sede com sanguinho.
Tapurú, meu nobre amigo
Que se nutre dos defuntos
Tu cavaste teu abrigo
Nas bordas do meu umbigo
Tu e teus comparsas juntos!
Se espalhando
Segue incólume
O teu séquito faminto.
Vê se não vais devorar,
sob pena de engasgar,
as pelancas do meu pé!
________________________________
* - Tapurú - nome popular dado na região norte para a larva da mosca varejeira
________________________________
Vem aí mais uma dose dos infames VERSOS DECRÉPITOS!
VERSOS DECRÉPITOS III
Em 2010
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Salve Povo do Além!
Esse texto é para a Tânia, eu cometi o imperdoável erro de não postar aqui antes...
DESCAMINHOS SOMBRIOS
Desorientado, disperso, sem rumo ou direção
Cansado e inquieto, em completa perdição
O manto negro da noite zombava de mim
Sem saber o que fazer, esperava pelo fim
Sem estrelas no céu, sem referência a seguir
A esperança em meu peito ameaçava ruir
Densa mata, encorpada, uma cortina cerrada
Triste sina elaborada por uma rota mal traçada
Pesadas gotas derramadas com dor e fúria
Açoites selvagens, desolação em um canto
Chuva e lágrimas mescladas, ingrato pranto
Ninguém para ouvir o som da triste lamúria
O ribombar de um trovão fez disparar o coração
Mas o clarão na imensidão acendeu minha visão
Entre os arbustos surgia uma passagem anormal
Envolta em trevas, ameaçadora, era a saída, afinal
Mergulhei na escuridão com um andar hesitante
Sombras soturnas, traiçoeiras, por ali se estendiam
Vislumbrei em todo chão uma névoa nauseante
Sufocantes sensações que pelo medo me prendiam
Tentei gritar, tentei fugir, voz e pernas não obedeciam
Gargalhada insana a que ecoou pela extensão daquela trilha
Figuras estranhas, desconexas, surgiam e desapareciam
Mas era humana a que sorria, uma macabra mulher andarilha
Crus e castanhos os caracóis que pendiam de sua cabeça
Em escarlate vivo se tornaram, por mais incrível que pareça
Como chamas, brasas vis, seus olhos vítreos insistiam em faiscar
Dos lábios rubros, as notas firmes, força nefasta a me dominar
A melodia irresistível me falava direto à mente
Dizia-me que tudo não era um sonho somente
Ela queria minha vida, minha carne, o sangue e a alma
E com seu canto falava isso, voz plácida, serena, calma
Então entendi que a dama daquela terra, eterna rainha
Dos descaminhos sombrios, ceifava vidas, como a minha
Guiava os perdidos num percurso hediondo, sem retorno
Meu corpo era arrastado, derramava o sangue morno
Manchava o barro, queimava o espírito, pele dilacerada
Ainda esbarro em rochas frias, vejo uma lâmina afiada
Ela me diz que uma vez ali, não há jeito de escapar
A foice sobe, o golpe vem, para sempre me silenciar
Um pensamento surge, enquanto sinto minha vida sumir
Para fora do meu corpo, toda a energia segue livre a fluir
Pela escuridão daquele caminho eu não deveria seguir
Ali nenhuma salvação, apenas maldição poderia existir
Esse texto é para a Tânia, eu cometi o imperdoável erro de não postar aqui antes...
DESCAMINHOS SOMBRIOS
Desorientado, disperso, sem rumo ou direção
Cansado e inquieto, em completa perdição
O manto negro da noite zombava de mim
Sem saber o que fazer, esperava pelo fim
Sem estrelas no céu, sem referência a seguir
A esperança em meu peito ameaçava ruir
Densa mata, encorpada, uma cortina cerrada
Triste sina elaborada por uma rota mal traçada
Pesadas gotas derramadas com dor e fúria
Açoites selvagens, desolação em um canto
Chuva e lágrimas mescladas, ingrato pranto
Ninguém para ouvir o som da triste lamúria
O ribombar de um trovão fez disparar o coração
Mas o clarão na imensidão acendeu minha visão
Entre os arbustos surgia uma passagem anormal
Envolta em trevas, ameaçadora, era a saída, afinal
Mergulhei na escuridão com um andar hesitante
Sombras soturnas, traiçoeiras, por ali se estendiam
Vislumbrei em todo chão uma névoa nauseante
Sufocantes sensações que pelo medo me prendiam
Tentei gritar, tentei fugir, voz e pernas não obedeciam
Gargalhada insana a que ecoou pela extensão daquela trilha
Figuras estranhas, desconexas, surgiam e desapareciam
Mas era humana a que sorria, uma macabra mulher andarilha
Crus e castanhos os caracóis que pendiam de sua cabeça
Em escarlate vivo se tornaram, por mais incrível que pareça
Como chamas, brasas vis, seus olhos vítreos insistiam em faiscar
Dos lábios rubros, as notas firmes, força nefasta a me dominar
A melodia irresistível me falava direto à mente
Dizia-me que tudo não era um sonho somente
Ela queria minha vida, minha carne, o sangue e a alma
E com seu canto falava isso, voz plácida, serena, calma
Então entendi que a dama daquela terra, eterna rainha
Dos descaminhos sombrios, ceifava vidas, como a minha
Guiava os perdidos num percurso hediondo, sem retorno
Meu corpo era arrastado, derramava o sangue morno
Manchava o barro, queimava o espírito, pele dilacerada
Ainda esbarro em rochas frias, vejo uma lâmina afiada
Ela me diz que uma vez ali, não há jeito de escapar
A foice sobe, o golpe vem, para sempre me silenciar
Um pensamento surge, enquanto sinto minha vida sumir
Para fora do meu corpo, toda a energia segue livre a fluir
Pela escuridão daquele caminho eu não deveria seguir
Ali nenhuma salvação, apenas maldição poderia existir
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Estranha Sina
Sol poente, novamente, despertar e prazer
Delimita sua vida, ou o sangue ou morrer
Caminha nas sombras, sob a luz do luar
Escondido nas lendas, sua sina é matar
Sedução sua arma, força eterna a reinar
Inocente a jovem, que o convida a entrar
Beijos e carícias, como poderia imaginar?
Que ele em mente só tinha sua veia a pulsar
Olhos rubros, dentes saltam
Brancos, afiados e fatais
Rasgam a pele e atacam
Drenando o viço dos mortais
A jovem cai, exangue e fria
Do pescoço, nenhuma gota escorria
Sol poente, novamente, despertar e prazer
Delimita sua vida, ou o sangue ou morrer
Caminha nas sombras, sob a luz do luar
Escondido nas lendas, sua sina é matar
Sedução sua arma, força eterna a reinar
Inocente a jovem, que o convida a entrar
Beijos e carícias, como poderia imaginar?
Que ele em mente só tinha sua veia a pulsar
Olhos rubros, dentes saltam
Brancos, afiados e fatais
Rasgam a pele e atacam
Drenando o viço dos mortais
A jovem cai, exangue e fria
Do pescoço, nenhuma gota escorria
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
CRIA DA LUA
Lua cheia, meu corpo incendeia
Instinto assassino, fúria na veia
Pêlos no corpo, sangue vivo na alma
Devorar carne e ossos é o que me acalma
Liberdade para correr, estranha luz do luar
Necessidade é viver, caçar, me alimentar
Incautos aqueles entregues à própria sorte
Destinados a encontrar em mim sua morte
Corram! Fujam! Escondam-se!
Não adianta lutar!
Morram! Tolos! Apavorem-se!
Pois a todos vou caçar!
Sou a fera, a cria forte da mãe lua
Cuidado você que caminha na rua
Lua cheia, meu corpo incendeia
Instinto assassino, fúria na veia
Pêlos no corpo, sangue vivo na alma
Devorar carne e ossos é o que me acalma
Liberdade para correr, estranha luz do luar
Necessidade é viver, caçar, me alimentar
Incautos aqueles entregues à própria sorte
Destinados a encontrar em mim sua morte
Corram! Fujam! Escondam-se!
Não adianta lutar!
Morram! Tolos! Apavorem-se!
Pois a todos vou caçar!
Sou a fera, a cria forte da mãe lua
Cuidado você que caminha na rua
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Flávio de Souza escreveu:CRIA DA LUA
Lua cheia, meu corpo incendeia
Instinto assassino, fúria na veia
Pêlos no corpo, sangue vivo na alma
Devorar carne e ossos é o que me acalma
Liberdade para correr, estranha luz do luar
Necessidade é viver, caçar, me alimentar
Incautos aqueles entregues à própria sorte
Destinados a encontrar em mim sua morte
Corram! Fujam! Escondam-se!
Não adianta lutar!
Morram! Tolos! Apavorem-se!
Pois a todos vou caçar!
Sou a fera, a cria forte da mãe lua
Cuidado você que caminha na rua
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Flávio de Souza escreveu:Salve Povo do Além!
Esse texto é para a Tânia, eu cometi o imperdoável erro de não postar aqui antes...
DESCAMINHOS SOMBRIOS
Desorientado, disperso, sem rumo ou direção
Cansado e inquieto, em completa perdição
O manto negro da noite zombava de mim
Sem saber o que fazer, esperava pelo fim
Sem estrelas no céu, sem referência a seguir
A esperança em meu peito ameaçava ruir
Densa mata, encorpada, uma cortina cerrada
Triste sina elaborada por uma rota mal traçada
Pesadas gotas derramadas com dor e fúria
Açoites selvagens, desolação em um canto
Chuva e lágrimas mescladas, ingrato pranto
Ninguém para ouvir o som da triste lamúria
O ribombar de um trovão fez disparar o coração
Mas o clarão na imensidão acendeu minha visão
Entre os arbustos surgia uma passagem anormal
Envolta em trevas, ameaçadora, era a saída, afinal
Mergulhei na escuridão com um andar hesitante
Sombras soturnas, traiçoeiras, por ali se estendiam
Vislumbrei em todo chão uma névoa nauseante
Sufocantes sensações que pelo medo me prendiam
Tentei gritar, tentei fugir, voz e pernas não obedeciam
Gargalhada insana a que ecoou pela extensão daquela trilha
Figuras estranhas, desconexas, surgiam e desapareciam
Mas era humana a que sorria, uma macabra mulher andarilha
Crus e castanhos os caracóis que pendiam de sua cabeça
Em escarlate vivo se tornaram, por mais incrível que pareça
Como chamas, brasas vis, seus olhos vítreos insistiam em faiscar
Dos lábios rubros, as notas firmes, força nefasta a me dominar
A melodia irresistível me falava direto à mente
Dizia-me que tudo não era um sonho somente
Ela queria minha vida, minha carne, o sangue e a alma
E com seu canto falava isso, voz plácida, serena, calma
Então entendi que a dama daquela terra, eterna rainha
Dos descaminhos sombrios, ceifava vidas, como a minha
Guiava os perdidos num percurso hediondo, sem retorno
Meu corpo era arrastado, derramava o sangue morno
Manchava o barro, queimava o espírito, pele dilacerada
Ainda esbarro em rochas frias, vejo uma lâmina afiada
Ela me diz que uma vez ali, não há jeito de escapar
A foice sobe, o golpe vem, para sempre me silenciar
Um pensamento surge, enquanto sinto minha vida sumir
Para fora do meu corpo, toda a energia segue livre a fluir
Pela escuridão daquele caminho eu não deveria seguir
Ali nenhuma salvação, apenas maldição poderia existir
Flávio, pouxa pouxa, muito obrigada por esse lindo poema!!
Até eu fiquei com medo dos meus Descaminhos Sombrios ^^
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Sepultura d'um Poeta Maldito
Se, em noite horrorosa, escura,
Um cristão, por piedade,
te conceder sepultura
Nas ruínas d'alguma herdade,
As aranhas hão-de armar
No teu coval suas teias,
E nele irão procriar
Víboras e centopeias.
E sobre a tua cabeça,
A impedi-la que adormeça.
- Em constantes comoções,
Hás-de ouvir lobos uivar,
Das bruxas o praguejar,
E os conluios dos ladrões.
Charles Baudelaire - As Flores do Mal
Se, em noite horrorosa, escura,
Um cristão, por piedade,
te conceder sepultura
Nas ruínas d'alguma herdade,
As aranhas hão-de armar
No teu coval suas teias,
E nele irão procriar
Víboras e centopeias.
E sobre a tua cabeça,
A impedi-la que adormeça.
- Em constantes comoções,
Hás-de ouvir lobos uivar,
Das bruxas o praguejar,
E os conluios dos ladrões.
Charles Baudelaire - As Flores do Mal
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Réquiem a uma Sogra
Tinha um sorriso ao rosto quando terminei
Joguei a última pá de cal e inverti a cruz
Alertando todos que ali estava o trem fei’
Me dando assim a paz a qual eu faço jus
Criatura do cão que me vêo como muié
Mãe de minha noiva apareceu como santa
Mostrou-se como o diacho das cabeça aos pé
Que somente cum enterro a alma acalanta
Sepultei a coisa ruim de cabeça p’ra baixo
Que se caso voltar que cave até o inferno!
De volta a onde pertence, de volta ao diacho
Fiquei todo sujo dos cabelo aos sovaco
Azunhado e fedido da lama do inverno
Porque a véia num queria ficar no buraco
Boidelaire
Tinha um sorriso ao rosto quando terminei
Joguei a última pá de cal e inverti a cruz
Alertando todos que ali estava o trem fei’
Me dando assim a paz a qual eu faço jus
Criatura do cão que me vêo como muié
Mãe de minha noiva apareceu como santa
Mostrou-se como o diacho das cabeça aos pé
Que somente cum enterro a alma acalanta
Sepultei a coisa ruim de cabeça p’ra baixo
Que se caso voltar que cave até o inferno!
De volta a onde pertence, de volta ao diacho
Fiquei todo sujo dos cabelo aos sovaco
Azunhado e fedido da lama do inverno
Porque a véia num queria ficar no buraco
Boidelaire
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Aplausos!
Ótima poesia, Boi(delaire).
E também aos demais.
Quem sabe até hoje de noite colocarei uma poesia que escrevi semana passada...
LNN
Ótima poesia, Boi(delaire).
E também aos demais.
Quem sabe até hoje de noite colocarei uma poesia que escrevi semana passada...
LNN
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Cinzas!
Os dias, em cinzas envolvem-se.
Ruas cinzas!
Casas e prédios em cinzas!
Busco e só encontro cinzas...
O tato:
Encontra cinzas
Os olhos:
Nublam-se de cinzas
Os aromas:
Sufocam tomados de cinzas.
Ouço:
Fagulhas e cinzas.
Provo:
O des-gosto em cinzas.
E percorro em pressa descaminhos
O som alude ao chamado
E chamo: chamas!
Procuro, sem lume, em cinzas.
Mundo sem cores,
Tela cinza onde não me encontro
Desfeitos pontos,
Cores furtadas de um dia lejano...
Furtivos movimentos
Imperceptíveis rumores
Restam cinzas
E em cinzas converte-se meu coração
Em cinzas morre a palavra
Morre a palavra no grafite cinza
E quando no fogo o papel transmite-se
E todo verso
E toda rima
E tola sina
É de novo:
Apenas cinzas.
Ah, penas cinzas...
Tânia Souza
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Mais novo site de Arte e Literatura de Terror e Erotismo do Brasil.
Ele já está ativado, mas depende de você para que continue. Faça o cadastro e envie seus textos. Ao final do ano será feita uma seletiva de obras e as melhores e mais comentadas serão publicadas em antologia.
Contos, poesias, artes plásticas, fóruns, etc...
Venha conferir: www.letraexotica.com
Letra Exótica- Mensagens : 1
Data de inscrição : 10/02/2010
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
febril
e a lua gritava-me
rubra e triste
no rio sangrento de estrelas
eram azuis os corvos do adeus
Tânia Souza
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
balada insensata al claro de la luna
en la frontera del insano
la luna en el cielo
es un puñal entrestrellas
lloran los angeles
rotos estan los sueños
hirta quedase la belleza
en la frontera del insano
fijo mis manos
mis ojos en espejo
son cílios perdidos
naquel triste enero
y dejo enfin la sanidad
en la frontera del insano
busco aun la realidad
voy despojada de sueños
son grises los dias
dias que suelen llorar
y dejo enfin la sanidad
en la frontera del insano
en un guiñol de locos
realidad y fantasía sonríen
hermanas de dadas manos
en cielo de sangre y dor invitan:
que venga burlesca alegría
y dejo enfin la sanidad
condenada estoy
ya no puedo huir
ya no sé sonreir
me duele vivir
sola estoy conmigo
sola estoy en la eternidad
hay un agujero en mi corazón
solo hay un camino sin razón
son coloridos nos nubarrones
de los dias que van llegar
en estos caminos sigo
acepto el destino inhumano
giran giran mis ojos gitanos
en la frontera del insano
dejo enfin la sanidad
ahora vuelan mis pies
quando la luna herida llama
el hambre es mi compañera
son azules las estrellas
la piel tiene sabor de fresas
no hay sanidad o tristeza
que huya de mis ojos rubi
ah, ay que bella la insanidad
Poema de Tânia Souza
en la frontera del insano
la luna en el cielo
es un puñal entrestrellas
lloran los angeles
rotos estan los sueños
hirta quedase la belleza
en la frontera del insano
fijo mis manos
mis ojos en espejo
son cílios perdidos
naquel triste enero
y dejo enfin la sanidad
en la frontera del insano
busco aun la realidad
voy despojada de sueños
son grises los dias
dias que suelen llorar
y dejo enfin la sanidad
en la frontera del insano
en un guiñol de locos
realidad y fantasía sonríen
hermanas de dadas manos
en cielo de sangre y dor invitan:
que venga burlesca alegría
y dejo enfin la sanidad
condenada estoy
ya no puedo huir
ya no sé sonreir
me duele vivir
sola estoy conmigo
sola estoy en la eternidad
hay un agujero en mi corazón
solo hay un camino sin razón
son coloridos nos nubarrones
de los dias que van llegar
en estos caminos sigo
acepto el destino inhumano
giran giran mis ojos gitanos
en la frontera del insano
dejo enfin la sanidad
ahora vuelan mis pies
quando la luna herida llama
el hambre es mi compañera
son azules las estrellas
la piel tiene sabor de fresas
no hay sanidad o tristeza
que huya de mis ojos rubi
ah, ay que bella la insanidad
Poema de Tânia Souza
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Solo una verdadera poeta és capaz de crear piezas del art en qualquier lengua!
Parabéns, T. Mandou muito, mas muito bem. E olha que nem sou muito fã de poesia!
Parabéns, T. Mandou muito, mas muito bem. E olha que nem sou muito fã de poesia!
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
Poxa Poleto, valeu, sabe que essa poesia marca minha volta aos temas sombrios, nunca mais tinha conseguido escrever nada, gracias!
A celly quer ter uma conversinha com você, como assim nem gosta muito de poesia, tsc tsc ^^
A celly quer ter uma conversinha com você, como assim nem gosta muito de poesia, tsc tsc ^^
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
balada insensata ao luar
na fronteira do insano
lua no céu revela-se
um punhal entrestrelas
em quebradiços sonhos
choram anjos
e muda queda-se a beleza
na fronteira do insano
fito minhas mãos
meus olhos no espelho
são cílios perdidos
naquele triste janeiro
e deixo enfim a sanidade
na fronteira do insano
busco ainda realidade
vou despida de sonhos
são cinzas os dias
dias que costumam chorar
e deixo enfim a sanidade
na fronteira do insano
fantoches em um teatro de loucos
realidade e fantasia riem
irmãs de mãos dadas
no céu, sangue e dor convidam
que venha burlesca alegria
e deixo enfim a sanidade
condenada estou
já não posso fugir
já não sei sorrir
dói viver
sozinha estou comigo
sozinha estou na eternidade
há um abismo em meu coração
há somente um caminho de ilusão
são coloridas as nuvens
dos dias que vão chegar
nestes caminhos sigo
aceito destino desumano
giram giram meus olhos ciganos
e deixo em fim a sanidade
voam agora meus pés
quando a lua ferida chama
a fome é minha companheira
são azuis as estrelas
pele com sabor de cerejas
não há sanidade ou tristeza
que fuja de meus olhos rubros
ah, que bela és minha insanidade
tradução, é diferente traduzir um poema escrito originalmente em espanhol, acho que está dentro das ideias originais ^^
na fronteira do insano
lua no céu revela-se
um punhal entrestrelas
em quebradiços sonhos
choram anjos
e muda queda-se a beleza
na fronteira do insano
fito minhas mãos
meus olhos no espelho
são cílios perdidos
naquele triste janeiro
e deixo enfim a sanidade
na fronteira do insano
busco ainda realidade
vou despida de sonhos
são cinzas os dias
dias que costumam chorar
e deixo enfim a sanidade
na fronteira do insano
fantoches em um teatro de loucos
realidade e fantasia riem
irmãs de mãos dadas
no céu, sangue e dor convidam
que venha burlesca alegria
e deixo enfim a sanidade
condenada estou
já não posso fugir
já não sei sorrir
dói viver
sozinha estou comigo
sozinha estou na eternidade
há um abismo em meu coração
há somente um caminho de ilusão
são coloridas as nuvens
dos dias que vão chegar
nestes caminhos sigo
aceito destino desumano
giram giram meus olhos ciganos
e deixo em fim a sanidade
voam agora meus pés
quando a lua ferida chama
a fome é minha companheira
são azuis as estrelas
pele com sabor de cerejas
não há sanidade ou tristeza
que fuja de meus olhos rubros
ah, que bela és minha insanidade
tradução, é diferente traduzir um poema escrito originalmente em espanhol, acho que está dentro das ideias originais ^^
Re: POÉTICA DAS SOMBRAS
T., eu não entendo muito de poesia, e é fato conhecido que é um gênero que não sou muito fã (talvez pelo fato de eu não ter o tato necessário para entendê-la), mas cada poesia sua que leio é sempre uma grata surpresa!
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